segunda-feira, 25 de março de 2013

Aluno estudante




         
O quadro negro abarrotado de riscos, palavras, números. Passos curtos, quase calculados, o professor caminha sereno, gesticulando mãos, explica isto, explica aquilo, apaga quadro negro,  dedos indicador e polegar maculados de giz branco. À frente do mestre, o aluno. Este que vai à escola para exercer seu dever e direito: assistir a aulas, ou seja, ouvir por seguidas horas coisas sobre análise sintática, expressão numérica, divisão celular, planícies, planaltos, tabela periódica, história geral do Brasil e tudo mais. Ser aluno não é ser estudante. Aluno assiste a aulas, estudante estuda.

Lembrem-se dos anos em que íamos à escola e gastávamos a maior parte do tempo dentro de sala, tentando compreender as explicações do professor sobre determinada disciplina? Daí vinha o intervalo onde muito raramente conversávamos sobre a aula dada em sala. O que fazíamos de fato era ir à cantina comprar lanche e jogar conversa fora com os colegas. Nada mais justo. Ouvíamos, assistíamos a vídeos educativos, escrevíamos também em sala de aula. Dentro da escola, éramos alunos, máquinas de passar para o papel aquilo registrado no quadro negro. Mas fora da escola, tínhamos mesmo de ser estudantes, que dizer, estudar em casa, na biblioteca, em silêncio e, principalmente, estudar sozinho. O estudante e o livro. Estudar tudo aquilo que o professor ministrou em sala de aula.

Estudar implica necessariamente escrever. A lápis ou à caneta. Digitar em vez de escrever não é recomendável, pois o estudante não fará prova com teclado do computador às mãos. Temos muitos alunos, às sobras, mas estudantes, arrisco-me a dizer, ainda são poucos. Os alunos em sua maioria saem da escola com suas anotações nos cadernos, e as tarefas de casa habitualmente fazem sem o estudo direcionado como a pesquisa, a consulta a livros, ser curioso, investigador acima de tudo. Ser aluno estudante. Porque o indivíduo vai à escola para entender (condição de aluno) e, depois, sai da escola para aprender (condição de estudante).

O professor Pierluigi Piazzi, autor de livros didáticos como o “Aprendendo Inteligência - Manual de Instruções do Cérebro para Alunos em Geral” e louvável palestrante em diferentes escolas públicas e particulares brasileiras, nos atenta para o fato de que

O ciclo da aprendizagem é circadiano, ou seja, começa, acontece e se
encerra em 24 horas!

Nessas 24 horas temos 3 fases distintas:
Durante as aulas: entender!
Durante a tarefa: aprender!
Durante o sono: fixar!

É verdade que muitos alunos têm dificuldades em assumir a postura de estudante, pois esbarram em obstáculos que o impedem de fazê-lo. Mas aí deve entrar em cena a figura dos pais que poderão despertar nos filhos o gosto pela leitura, pelos livros, pelos estudos, pelo uso da biblioteca.

        Se agirmos assim, estimulando a criança, o adolescente, já desde cedo, a estudar todos os dias depois de assistir a aulas na escola, estaremos formando um estudante, plantando um terreno fecundo de informações para que ele as aproveite hoje, amanhã e sempre. Porquanto educar é tarefa essencialmente de pais, e ensinar é ofício que cabe à escola.
        
     Findo este artigo reforçando que aluno que estuda dia a dia, após ter visto e compreendido as aulas do professor na escola, terá grandes chances de fazer um excelente exame escrito de vestibular e até mesmo do tão almejado concurso público.

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