O quadro negro abarrotado de riscos, palavras, números.
Passos curtos, quase calculados, o professor caminha sereno, gesticulando mãos,
explica isto, explica aquilo, apaga quadro negro, dedos indicador e polegar maculados de giz
branco. À frente do mestre, o aluno. Este que vai à escola para exercer seu
dever e direito: assistir a aulas, ou seja, ouvir por seguidas horas coisas
sobre análise sintática, expressão numérica, divisão celular, planícies,
planaltos, tabela periódica, história geral do Brasil e tudo mais. Ser aluno
não é ser estudante. Aluno assiste a aulas, estudante estuda.
Lembrem-se dos anos em que íamos à escola e gastávamos
a maior parte do tempo dentro de sala, tentando compreender as explicações do
professor sobre determinada disciplina? Daí vinha o intervalo onde muito
raramente conversávamos sobre a aula dada em sala. O que fazíamos de fato era
ir à cantina comprar lanche e jogar conversa fora com os colegas. Nada mais
justo. Ouvíamos, assistíamos a vídeos educativos, escrevíamos também em sala de
aula. Dentro da escola, éramos alunos, máquinas de passar para o papel aquilo registrado
no quadro negro. Mas fora da escola, tínhamos mesmo de ser estudantes, que
dizer, estudar em casa, na biblioteca, em silêncio e, principalmente, estudar
sozinho. O estudante e o livro. Estudar tudo aquilo que o professor ministrou
em sala de aula.
Estudar implica necessariamente escrever. A lápis ou à
caneta. Digitar em vez de escrever não é recomendável, pois o estudante não
fará prova com teclado do computador às mãos. Temos muitos alunos, às sobras,
mas estudantes, arrisco-me a dizer, ainda são poucos. Os alunos em sua maioria
saem da escola com suas anotações nos cadernos, e as tarefas de casa
habitualmente fazem sem o estudo direcionado como a pesquisa, a consulta a
livros, ser curioso, investigador acima de tudo. Ser aluno estudante. Porque o
indivíduo vai à escola para entender (condição de aluno) e, depois, sai da
escola para aprender (condição de estudante).
O professor Pierluigi
Piazzi, autor de livros didáticos como o “Aprendendo Inteligência
- Manual de Instruções do Cérebro para Alunos em Geral” e louvável palestrante
em diferentes escolas públicas e particulares brasileiras, nos atenta para o
fato de que
O ciclo da aprendizagem é circadiano, ou seja, começa, acontece e
se
encerra em 24 horas!
Nessas 24 horas temos 3 fases distintas:
Durante as aulas: entender!
Durante a tarefa: aprender!
Durante o sono: fixar!
É verdade que muitos alunos têm dificuldades em
assumir a postura de estudante, pois esbarram em obstáculos que o impedem de fazê-lo.
Mas aí deve entrar em cena a figura dos pais que poderão despertar nos filhos o
gosto pela leitura, pelos livros, pelos estudos, pelo uso da biblioteca.
Se agirmos assim, estimulando a criança, o
adolescente, já desde cedo, a estudar todos os dias depois de assistir a aulas
na escola, estaremos formando um estudante, plantando um terreno fecundo de
informações para que ele as aproveite hoje, amanhã e sempre. Porquanto educar é
tarefa essencialmente de pais, e ensinar é ofício que cabe à escola.
Findo este artigo reforçando que aluno
que estuda dia a dia, após ter visto e compreendido as aulas do professor na
escola, terá grandes chances de fazer um excelente exame escrito de vestibular
e até mesmo do tão almejado concurso público.