terça-feira, 13 de julho de 2010

“Eu te amo mamãe”

“Eu te amo mamãe”


Os papéis sobre a mesa de madeira ainda com restinhos de biscoito doce. Depois do café da manhã, minha mãe entregou-me aqueles papéis e um punhado de lápis de cor. Disse-me ela que era para eu fazer desenhos ou outra coisa que criança daquela minha idade, sete anos, gostava de fazer.

Pus-me a rabiscar o papel com lápis cor de laranja escuro. Um círculo e nada mais. Vez em quando, ela encurtava os passos, caminhava perto de mim, como se por acaso, mas eu percebia que passeavam os seus olhos em minha direção. Detinha-se por alguns instantes ao meu lado, a pensar alguma coisa, e acenava com a cabeça um gesto de aprovação.

Eu sorria, satisfeito, com a reação dela. Todavia, não me contentei com o desenho apenas do círculo. Um belo círculo, na cor laranja, mas que não passava de um círculo.

Cogitei que haveria de colocar algo dentro do círculo. Minha mãe, neste momento, lavava louças na cozinha e cantarolava cantigas para crianças. Fiquei surpreso quando ela usou belissimamente o meu nome numa dessas cantigas. Meu coração estava leve e sereno com o coração dos anjos.

Foi que a ideia pululou do céu até minha cabeça. Abri mais o sorriso, fitei a minha mãezinha com os olhos cheios de amor, tremulei as mãos e, pela primeira vez, escrevi dentro do círculo minha primeira escrita, minhas primeiras palavras: “Eu te amo mamãe”.