quinta-feira, 15 de janeiro de 2015




                                                                      NOTA ZERO

     “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”


         O Ministério da Educação divulgou na última terça-feira (13) o balanço final da edição de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio, vulgo ENEM. Segundo a pasta, prestaram o exame 6.193.565 candidatos dos quais 529.374 obtiveram nota zero na redação da prova (8,5% dos candidatos). Resultado lastimável. Preocupante para alunos, professores, pais, governo, sociedade civil. Diante deste cenário, emerge uma pergunta: o que fazer para inverter este quadro?

         Penso ser possível apresentar urgentemente uma proposta de modificação do projeto de ensino nas escolas, sejam elas públicas ou particulares. Uma proposta de incrementar os mecanismos de incentivo à leitura. Mais que isso: culturalizar a comunidade de alunos a gostar de ler, a sentir prazer em ler um romance, um conto, uma crônica, uma revista, um jornal. Se o aluno do ensino médio não tiver as ferramentas imprescindíveis para fortalecer seu processo de aprendizagem, quais sejam o governo, seus pais e a escola, encontrará sérias dificuldades nos exames de admissão para concursos e vestibulares, em especial na prova de língua portuguesa e redação.

         Fato que perdura há anos no Brasil: a criança entra no maternal, é alfabetizada. Os obstáculos começam no ensino fundamental. Professores que não tiveram embasamento suficiente em suas áreas de formação nas universidades públicas ou particulares em que cursaram; paralisações das atividades (greves) dos professores, em escolas públicas, que reivindicam reajuste salarial, contratação de novos professores etc.

         O governo estimula a escola, remunerando bem os professores, alocando recursos materiais para a escola. O professor bem remunerado estimula o aluno a ler e ainda cria mecanismos para tanto. O aluno com o estímulo do professor e, principalmente, de seus pais, será incentivado a criar gosto natural pela leitura, desenvolverá o papel de pesquisador, de estudante. Agindo assim, seu cérebro será estimulado a se habituar com essa rotina de atividades. Se este fluxo socioeducativo, governo-professor-pais-alunos, for colocado em prática em nosso cotidiano, estaremos com a faca e o queijo na mão.
        
        

        



Nenhum comentário:

Postar um comentário