quarta-feira, 5 de novembro de 2014




                                                              Bom dia a um estranho

                Os homens, somos por natureza introvertidos, em menor ou maior grau. Ser introvertido não é de todo nocivo para a alma, ao contrário, faz-nos mais pensadores, aguça nosso senso crítico e nos aquietamos a falar apenas o necessário para não se correr o risco de engolir mosquito, porquanto “boca fechada não entra mosquito”. Mas não é de todo custoso libertar-se dessa introversão para retribuir ao estranho que, inesperadamente, o saudou com um bom-dia.
               O fato é que o bom-dia da pessoa desconhecida, estranha portanto, nos causa estranheza. Como se houvesse algo de errado ou inverídico em sua saudação, como se houvesse algo suspeito no ar, alguma intenção de querer buscar algo de nós como, por exemplo, subtrair um bem material nosso. Lamentável e equivocada a suspeição. Dar bom-dia a um estranho ou retribuir-lhe o seu bom-dia é atitude humana, ética. É de todo salutar.
                Se dentro do elevador sequer uma pessoa não retribui o bom-dia de quem nele acaba de entrar, é porque falta confiança, amor ao próximo, mas não se pode admitir que não houve a saudação recíproca apenas porque as pessoas são introvertidas, ou porque guardam em seus corações uma tristeza profunda a ponto de ignorar qualquer saudação, inclusive o bom-dia do estranho, do desconhecido.
         Urge que reavaliemos o caso. Saudar o desconhecido é instaurar, inconscientemente, uma relação de proximidade com o ser humano, transformando, desse modo, o estranho em um conhecido. Desta natural aproximação para o começo de uma nova amizade é um pulo.



                                                                                                                     (por Ricardo Dayan - 04/11/2014)

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