Bom dia a um estranho
Os homens, somos por natureza introvertidos,
em menor ou maior grau. Ser introvertido não é de todo nocivo para a alma, ao
contrário, faz-nos mais pensadores, aguça nosso senso crítico e nos aquietamos a
falar apenas o necessário para não se correr o risco de engolir mosquito,
porquanto “boca fechada não entra mosquito”. Mas não é de todo custoso
libertar-se dessa introversão para retribuir ao estranho que, inesperadamente,
o saudou com um bom-dia.
O fato é que o bom-dia da pessoa
desconhecida, estranha portanto, nos causa estranheza. Como se houvesse algo de
errado ou inverídico em sua saudação, como se houvesse algo suspeito no ar,
alguma intenção de querer buscar algo de nós como, por exemplo, subtrair um bem
material nosso. Lamentável e equivocada a suspeição. Dar bom-dia a um estranho
ou retribuir-lhe o seu bom-dia é atitude humana, ética. É de todo salutar.
Se dentro do elevador sequer uma
pessoa não retribui o bom-dia de quem nele acaba de entrar, é porque falta
confiança, amor ao próximo, mas não se pode admitir que não houve a saudação
recíproca apenas porque as pessoas são introvertidas, ou porque guardam em seus
corações uma tristeza profunda a ponto de ignorar qualquer saudação, inclusive
o bom-dia do estranho, do desconhecido.
Urge que reavaliemos o caso.
Saudar o desconhecido é instaurar, inconscientemente, uma relação de
proximidade com o ser humano, transformando, desse modo, o estranho em um
conhecido. Desta natural aproximação para o começo de uma nova amizade é um
pulo.
(por
Ricardo Dayan - 04/11/2014)
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