Natal no sertão
A chuva descansa nas telhas da casa caída...
- Trais os minino prá dentro, cumadi Enedina!
A turva palavra da Joana, neta da Iêda parida,
É uma voz que vacila, mas que ainda domina.
Rumejam os trovões. É hora da quente bebida.
- Quêde o café? Bota água no fogo, Minina!
E o preto pó a essa gente singela fornece vida.
E do gordo bolo de fubá resta apenas a fatia fina.
A chuva cansa de cair nas telhas da casa caída...
- Eita, fio, vai cumprá dois frango lá na casa da Carmina.
E o rosto da criança sorri e nele floresce uma alegria incontida.
Junta-se à alma do sertão a peregrina alma natalina
Que está a murmurar nos corações dos vários povos detida,
A trazer chuva, café e bolo a essa gente da cumadi Enedina
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